“É quando estamos iludidos e a coisa corre mal” diria a minha mãe, refastelada no sofá durante uma tarde em que conversamos, como tantas outras, e ainda sem nos atirarmos uma à outra por irmos por caminhos diferentes. Ahhh, era tão bom, éramos muito calorosas a discutir e ao mesmo tempo inseparáveis!!!
“É quando se quer ter o que não se vê que não se pode nem se vai ter”, diria a minha tia, sentada no seu sofá agarrada a um trapo qualquer que cosia ou a um bordado ou a uma malha.
“É quando queremos tanto uma coisa ou alguém e não nos apercebemos de que vai correr mal porque não se viu ou não se quis ver a tendência do resultado final”, diria eu, numa tentativa de combinar as duas perspetivas atrás.
Que saudades destas duas senhoras!!!
Muito continuam a ensinar-me, pois é agora, e cada vez mais, que as ouço e lhes dou razão! Tudo tem o seu tempo e estou no percurso de rebuscar os ensinamentos antigos de acordo com cada contexto e dou por mim a consolar-me de ter tido tanta sorte de ter uma família assim.
“Quando algo corre mal e ficamos muito tristes, não te preocupes, o tempo cura tudo e quando deres por ela, pertence ao passado e ajudou a compor o futuro que será, nesse momento, o presente! O tempo cura tudo, minha pequenina!” – Dizia-me a mãe sentada ao meu lado, preocupada por mim e a querer consolar-me! E é verdade, a agonia que sentia ontem, hoje já não a sinto assim. Ficou ancorada no seu momento, transformando-se na história da minha vida. E eu não quero esquecer até mesmo o menos bom, pois sei que o facto de me lembrar irá ajudar-me a redefinir opiniões, percursos, ações ou puramente a enriquecer um momento. Estuda-se a história para melhorar o futuro do presente. E a nossa história pessoal é importante, sobretudo se conseguimos olhar para ela, passado algum tempo, de uma forma neutra, crítica, autocrítica também e redesenhar-nos naquilo que queremos ser, não apenas parecer.